Nada como o médico de antigamente, que atendia em domicílio, na hora que fosse e, de quebra, comia um bolinho na casa do paciente antes de ir embora. Pois o setor de assistência médica domiciliar nunca esteve tão em alta: talvez não mais com pausa para o lanche, mas esse serviço atencioso, de atendimento personalizado, acaba de ganhar a maior pesquisa já feita, que identificou pela primeira vez o perfil das empresas que atuam no setor.
Os números impressionam. O trabalho, feito pelo Núcleo Nacional das Empresas de Assistência Médica Domiciliar (Nead), identificou 170 empresas brasileiras especializadas em atendimento de saúde domiciliar. Cerca de 30 mil pacientes são atendidos em casa por mês, a maioria no Estado de São Paulo (veja quadro ao lado).
Outro dado: curiosamente, a maioria dos pacientes (73%) dessas empresas é cliente de planos de saúde - 20% são do Sistema Único de Saúde (SUS). "A situação se inverteu. Nos anos 90, a internação e o atendimento domiciliar eram considerados mordomia. Os grandes planos de saúde não só estão aceitando cada vez mais o home care, como o incentivam", analisa Ari Bolonhezi, presidente do Nead. "Hoje, uma internação domiciliar é 30% mais barata, em média, em relação ao hospital."
No setor público, a primeira referência de atendimento domiciliar foi na década de 60. O privado, mais resistente, começou a se render ao serviço só no fim dos anos 80. "Não temos números de crescimento, mas é certo que as internações domiciliares vêm ganhando cada vez mais espaço", conta Adriano Londres, diretor de Relações Institucionais da Associação Nacional dos Hospitais Privados (Anahp). "O setor percebeu que se trata de uma proposta de racionalização de recursos. Não de concorrência."
O home care tem dois segmentos de atuação. Um, de internação, coberto por vários planos de saúde. Outro, de atendimento, ainda coberto por pouquíssimos planos, em geral os tops. O professor universitário Vagner José Oliva, de 59 anos, usa os dois tipos. Há quatro anos, foi submetido a uma traqueostomia (tubo colocado na altura da traquéia, que serve para facilitar a respiração e tirar o excesso de secreção). "Fiquei um tempão internado no hospital, até que meu médico me disse que eu tinha a opção de ficar em casa, mesmo com o aparelho", lembra ele. Hoje, por conta da doença neurológica que afetou seu sistema respiratório, tem de receber atendimento médico intenso. "Tenho fonoaudiólogo, psicólogo e clínico que me acompanham semanalmente em casa. Não tem comparação com os tempos do hospital. Meus médicos viraram amigos de toda a família e o atendimento é muito mais caloroso."
De acordo com Bolonhezi, os serviços de internações em casa já são conhecidos e aceitos por hospitais e pacientes. "A maioria dos hospitais conta com o próprio serviço de atendimento domiciliar ou faz parcerias com as empresas especializadas", conta ele. O boom que o setor vai sofrer a partir de agora é de atendimento. "O filão vai ser o atendimento de prevenção", conclui Bolonhezi. Poucos casos não são de home care. Entre eles, aqueles que precisam de vigilância permanente e sofrem muitas oscilações.
Ordem na Casa
Em 30 de janeiro, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicou a primeira resolução do setor (RDC nº 11). Entre as principais regras, as empresas são obrigadas a deixar uma cópia do prontuário na casa do paciente, fornecer um plano de atendimento no início do tratamento (com previsão de alta e de número de consultas) e contar com um aparelho de respiração artificial em qualquer internação.
As empresas têm até 30 de janeiro de 2007 para se adaptar. Até essa data, elas são também obrigadas a se cadastrar no Ministério da Saúde. E, a partir de então, passarão a receber visitas periódicas das vigilâncias sanitárias. "Até agora as inspeções eram mais burocráticas. O que será visto é a qualidade nos serviços prestados", avisa Lucian Reis, técnica da área de Serviços de Saúde da Anvisa.
Números
30 mil pessoas são atendidas em casa por mês no País
170 empresas especializadas prestam serviço de assistência domiciliar no Brasil
78 % estão em São Paulo, o Estado com o maior números de empresas do tipo
2 % estão no Rio Grande do Sul, o Estado com menos empresas 15 mil profissionais da área da saúde trabalham nessas empresas
64 % deles são auxiliares de enfermagem
73 % dos clientes dessas empresas são planos de saúde (O Estado de S.Paulo)
Farmacêuticas fabricam mais genéricos
As vendas de medicamentos genéricos cresceram 23,2% no ano passado (151,4 milhões de unidades), alcançando participação de 11,34% no mercado farmacêutico brasileiro, com aumento de 22% em relação a 2004. Na comparação com 2004, o volume das vendas, de US$ 692,5 milhões, aumentaram 56,5% em comparação ao ano anterior.
A diretora executiva da Associação Brasileira das Indústrias de Medicamentos Genéricos (PróGenéricos), Vera Valente, afirmou que a meta é repetir em 2006 o crescimento de 2005. Para ela, a expectativa pode ser mais promissora se a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) publicar, em breve, uma regulamentação que abra ao mercado de genéricos a possibilidade de lançar contraceptivos orais e hormônios naturais.
A executiva disse que a área de contraceptivos e hormônios ainda está fechada para os de genéricos. Segundo ela, ao lançar a Lei de Genéricos, a Anvisa optou por ser mais conservadora e restringiu esses medicamentos.
"Agora, o mercado de genéricos está maduro, as indústrias já têm um enorme conhecimento técnico, inclusive com indústrias nossas exportando para a Europa." (Agência Brasil)
Fonte: Portal CNS
http://www.sbac.org.br/qualinews/conteudo/noticias2006/486.htm